segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Gemütlichkeit

Entre as várias palavras adotadas no inglês, por não terem equivalente, está "Gemütlichkeit".

Trata-se de um dos componentes da índole germânica.

Mesmo em português não há uma palavra que exprima exatamente o sentido.

Significa o sentir-se bem (sózinho ou em companhia) subjetivamente, com reforço de ambiente agradável, e também calorosa companhia. Outrossim, é uma amigável, aconchegante atmosfera pessoal e de ambiente, no qual a gente se sente bem. Sem conflitos e preocupações (que devem ser deixados da porta para fora).

Entre outras características alemãs, estão o associativismo e ênfase na educação, no ensino.

Uma das diferenças marcantes entre a imigração alemã nos Estados Unidos e no Brasil, é a influência das políticas públicas em relação ao ensino. Tanto lá como aqui, os imigrantes não esperaram pelos governos, e criaram ecolas mantidas pelas comunidades, vinculadas às respectivas denominações religiosas.

Nos Estados Unidos, a lingua alemã foi muito utilizada uma vez que o número de imigrantes era alto. Tanto o clima como a já existência de colonizações há mais tempo, influiram em atrair maior contingente de europeus.

Comparando a relação entre quantidade de descendentes como percentual da população, e percentual dos que ainda falam alemão, verifica-se que nos Estados Unidos a assimilação, com adoção de somente o ingles, foi muito mais rápida, do que no Brasil em relação ao português.

Penso que um dos fatores é o de que alemão e inglês sejam ambas linguas germânicas, proporcionando maior facilidade de aprendizado. Mas, talvez tenha pesado mais a diferença que houve nas políticas públicas em relação às escolas das comunidades dos imigrantes.

Até a primeira guerra mundial, houve pouca diferença nos dois países, Estados Unidos e Brasil.
Tanto lá quanto aqui, aproveitavam-se recursos didáticos habituais na Alemanha.

A primeira guerra mundial, teve efeitos inibidores, tanto lá quanto aqui.

Bom exemplo de como evoluiu a questão no Brasil, é o caso do Colégio Bom Jesus, em Curitiba.

Claro que havia diferenças entre os colégios urbanos em relação às escolas em áreas rurais.
(Cabe lembrar aqui, que muitos dos municípios que hoje constam com os mais altos índices de alfabetização são daqueles cujas comunidades de colonizadores mantinham escolas alemãs).

A diferenciação maior, quanto ao destino destas escolas nos Estados Unidos em relação ao Brasil, surge com a "nacionalização" em 1938, decretada pelo govêrno brasileiro.

Nos Estados Unidos também se obrigava o ensino do ingles, mas continuava sendo um modelo que agregava valores, valorizando o ser bilingue, e a bagagem cultural dos imigrantes.

Já no Brasil, a política foi a de suprimir valores, proibindo o alemão (e outras linguas estrangeiras), como se fossem valores excludentes. Pretendia-se forçar (ao contrário de estimular como nos Estados Unidos) a adoção da lingua portuguesa e demais componentes culturais brasileiros, mediante a substituição destas escolas particulares por escolas públicas.

Esta substituição, conforme as propagandas políticas da época, teria ocorrido.
Mas se foi mesmo, foi só no papel, nos decretos. Na prática, nem havia condições de substituir, por exemplo, professores demitidos, e prover material didático novo no mesmo ritmo das "canetadas".

Alem dos decretos federais, havia os estaduais. Serve o exemplo do Paraná, acima citado, e há menção sobre o que ocorreu em Santa Catarina, neste trabalho sobre as escolas na região do Contestado.

Tenho como exemplo o caso de meu pai. Ele foi professor bi-lingue.

A escola para formação de professores na qual concluiu seu curso em 1937, a Escola Normal Católica em Novo Hamburgo, RS que era mantida pelo "Volksverein" (Sociedade União Popular), foi sumariamente fechada em 1939. O prédio, bem mais tarde foi aproveitado para a Escola Técnica Alberto Pasqualini.

A escola na qual meu pai lecionava, lá no meio do mato, não recebeu verbas.

E, meu pai ao se aposentar (como titular de cartório em SC) nos anos 80, descobriu que havia sido "transferido" naquela época para uma escola no outro extremo do Estado. Como brasileiro nato, e com a formação de professor, estava qualificado a lecionar. Esta transferência, da qual nem havia tomado conhecimento em tempo hábil, seria certamente para forçar um afastamento (que de qualquer maneira ocorreu, porque não tinha como se manter apenas recebendo produtos dos colonos).

Mas o mais significativo é que esta escola para a qual meu pai havia sido transferido, e na qual ainda estaria "lotado" nos anos 80, nunca existiu de fato. Apenas em registros burocráticos.(E o pai ainda teve que ir atrás para provar que não lecionou lá!)

Esta nacionalização do ensino, pode ter apressado o "abrasileiramento", mas sem dúvida, trouxe consideráveis prejuizos sociais e culturais.

sábado, 19 de dezembro de 2009

Sul do Brasil

Períodos de imigração

1) 1824 - 1830, quando a partir de São Leopoldo, fundaram-se mais 9 colônias;

2) 1845 - 1859, surgindo mais 25 povoados; (Com migrações e imigrações, tambem em SC)

3) 1859-1889, com 50 novas colônias;

4) 1889-1914, sendo mais 71 colonias fundadas;

5) 1919-1939, com imigrações individuais.

Houve ainda imigrações mais tarde.

Migrações, no sul do Brasil

Primeira fase - das primeiras ocupações, onde viveu a primeira e segunda geração.

De 1824 a 1845, surgiram as colônias de São Leopoldo, RS e São Pedro de Alcantara e Teresópolis, em SC;

De 1846 a 1880, no RS - Bom Princípio, Santa Cruz, São Sebastião do Caí, Venancio Aires, Estrela, Lajeado, Agudo, Montenegro, Maratá, Brochier, Paverama, Nova Petrópolis, São Lourenço do Sul e Teutônia. Em SC - Blumenau 1850, Joinville 1852, e a colonização do vale do Capivari: Braço do Norte, São Ludgero, São Bonifácio, Forquilhinha e outros em 1872.

Segunda fase - De 1880 a 1922, alemães de terceira geração ocupam a região serrana do noroeste do RS: Selbach, Santo Cristo, Cerro Largo, Panambi. Em outras colonizações juntaram-se a outras etnias: Ijui, Cruz Alta, Santo Ângeloe outros. Alguns emigraram para a Argentina, fundando Puerto Rico e Capiovi, na Província de Misiones.

Terceira fase - Período de 1922 a 1955. Descendentes da quarta geração, saem destas colônias já com falta de terras, indo ocupar no extremo noroeste do RS, Tres Passos, Crissiumal, São Martinho, Tres de Maio e Horizontina entre outros, já ao lado de outras etnias. Também migraram para o extremo oeste de SC, às margens do rio Uruguai, fundando São Carlos, Palmitos, Porto Feliz (Mondaí) e Porto Novo (Itapiranga, São João do Oeste e Tunápolis).

Bem ilustrativo desta fase é o documentário sobre a colonização de Itapiranga SC, que teve alguns aspectos muito peculiares em relação a todos as demais desta fase. Veja neste vídeo.

Quarta fase - De 1955 a 1975. Descendentes de alemães de quinta geração, do RS e SC, especialmente do extremo oeste, migram para ocupar o Oeste do Paraná, com a maioria dos núcleos coloniais recebendo pioneiros de diversas procedências e etnias.

A partir de então, intensificou-se a misceginação, e a busca mais esparsa por terras mais acessíveis, como no Paraguai, Centro e Norte do Brasil.

Cronologia

1500 - Na frota de Pedro Álvares Cabral, que chegou ao Brasil em 22 de abril de 1500, o navegador foi Mestre João (Johannes Varnhagen), chegando junto também 35 mercenários alemães da Guarnição de Lisboa.

Em 1532 foi fundada São Vicente, participando alguns colonos e técnicos em moinhos a água para engenhos de açúcar, alemães. A partir de 1545, imigraram algumas famílias alemãs, plantadores de cana, comerciantes de açúcar, algodão, pau Brasil, e armadores.

Por volta de 1601, primeira expedição bandeirante sob comando do alemão Wilhelm Jost ten Glimmer e participação do alemão Pedro Taques.

1608 - Nos Estados Unidos, alguns alemães acompanham John Smith, fundador de Jamestown, na Virgínia

1633 – Primeira publicação na Alemanha encorajando emigração para a América.

1637 – Desembarque de Nassau em Recife. Junto o primeiro pesquisadorde ciências naturais no Brasil, o alemão Jorge Marcgrave.

1660 – Chegada ao Rio de Janeiro, do monge beneditino Richard Von Pilar, considerado o “o pai da pintura brasileira”.

1661 – Georg Hack, de Colônia, se estabelece em Maryland, nos EU.

1668 – Pesquisador e explorador Johann Lederer de Hamburgo, chega aos EU

1676 – Nikolaus de Meyer, de Hamburgo, se torna prefeito de Nova Yorque.

1683 – Menonitas e Quakers, chegam aos EU e fundam Germantown, na Pensilvânia. Liderados por Francis Daniel Pastorius.

1684 – Primeira luta de brasileiros contra opressão portuguesa, liderados pelo alemão Emanuel Beckmann (Manuel Bequimão), em São Luiz do Maranhão.

1685 – Jesuítas alemães criam o território indígena dos mainas, no Alto Amazonas;

1688 – Pastorius de Germantown escreve primeiro protesto contra escravidão, nos EU;

1691 – Britânicos executam Jacob Leisler, natural de Franfurt e primeiro governador eleito de Nova Yorque;

1705 – Impresso o primeiro livro no Brasil, por Eusebius Nierenberg;

1709 – Primeira emigração em massa do Palatinado (Pfalz) da Alemanha para os Estados Unidos;

1710 – 650 palatinos e suíços se estabelecem em New Bern, Carolina do Norte, EU;

1720 – Augsburg e Marienthal fundados na Louisiana, EU

1732 – Aparece o jornal “Philadelphische Zeitung”, nos EU;

1733 – Silésios chegam à Pensilavania;

1734 – Protestantes de Salzburg chegam à Geórgia;

1735 – Morávios se estabelecem na Geórgia;

1736 – Morávios fundam Bethlehem, Nazareth e Lititz, na Pensilvânia, EU;

1739 – Publicação do jornal Germantauner Zeitung, EU; Publicação do primeiro hinário nos EU;

1740 – Um quarto dos jesuítas nas reduções indígenas das “Sete Missões”, alemães;

1741 – Chega aos EU Hans N. Eisenhauer, ancestral do prosidente Eisenhower;

1743 – Primeira bíblia impressa nos EU, em alemão;

1767 – “Fundador do Exército Brasileiro”, “Libertador do Rio Grande do Sul”, Johann Heinrich Böhm, comandante de todas as tropas do “Estado do Brasil”;

1772 – Alemães da Pensilvânia (“Dutchmen”), formam suas próprias milícias. Morávios se estabelecem em Ohio.

1776 – Grande Revolução Americana. Tropas alemãs (Braunschweiger e Hessian) chegam a Quebec (introduzem a decorada árvore de natal nos Estados Unidos). Mais de 10.000 permanecem na América.

1777 – General Von Steuben treina o exército americano. Molly Pitcher (Maria Ludwig) luta em várias batalhas. Christopher Ludwig é o cozinheiro chefe do exército. Major F.von Heer comanda o corpo de guardas do Gen. Washington. Gen. Nicholas Herkimer a os alemães ddo vale Mohawk derrotam os britânicos em Oriskan.

1779 – Gen. Von Steuben escreve o primeiro manual para as forças armadas dos Estados Unidos;

1783 – Fundada a primeira banda de música alemã na Filadélfia.

1784 – Chega Johann Jacob Astor , e se torna o mais rico americano. Fundada em Nova Yorque Sociedade Protetora de Imigrantes;

1804 – Chegam à Pensilvânia imigrantes vindos de Harmonie, com George Rapp. Sua colonização Neu Harmonie na Indiana (1814)se torna a “maravilha do oeste”;

1807 – Martin Baum, pioneiro em transporte fluvial no Ohio e Mississipi, torna-se prefeito de Cincinatti;

1808 – Fuga da corte portuguesa de Napoleão, incluindo alemães no exército português;

1810 – Fundação da Academia Militar por Wilhelm Ludwig Freiherr Von Eschwege, e Francisco de Borja Garção Stokler;

1812 – Inaugurada usina siderúrgica por Wilhelm Ludwig Freiherr Von Eschwege “fundador da indústria pesada brasileira”;

1814 – Primeira fábrica de armas no Brasil, de Daniel Peter Müller, em São Paulo;

1820 – Joseph Heister torna-se governador da Pensilvânia;

1821 – Johann Karl August Von Oeynhausen, Marquês de Aracati, presidente do governo provisório de São Paulo;

1822 – Independência do Brasil (Império), com eminente papel da arquiduquesa Leopoldina (Imperatriz);

1823 – Missão do major dr. Georg Anton Von Schäffer, secretário e agente da imperatriz Leopoldina, para nos países de língua alemã recrutar soldados, camponeses, artesãos e comerciantes para o Brasil.

1824 – Primeira leva organizada de imigrantes alemães em 25 de julho, e fundação da colônia São Leopoldo;

1825 – Língua alemã introduzida na Universidade de Harvard, EU;

1828 – Paz do Rio de Janeiro após guerra apelo Uruguai, defesa das posições contra os argentinos por Felisberto Caldeira Brant, Marques de Barbacena, e Gustav Heinrich Von Braun, para fixação definitiva das fronteiras brasileiras no sul.

1829 – Inauguração do primeiro curtume no Brasil por Ludwig Rau;

1836 – Fundação de Hermann, Missouri. Seus vinhos ganham reconhecimento nacional (EU);

1837 – Estado da Pensilvânia publica leis e mensagens governamentais também em alemão;

1840 – Primeira “Volksfest” celebrada em Richmond, Virgínia, EU;

1842 – William Bouck (Bauk) torna-se governador de Nova Yorque;

1843 – Alemães “inspiracionistas” se fixam perto de Buffalo, e depois mudam para Amaná, IA;

1844 – Aristocratas alemães fundam a “Mainzer Adelsverein” para colonização no Texas. Constroem New Braunfels e Fredericksburg.

1845 – Primeira organização de trabalhadores alemães fundada em Nova Yorque;

1845 – Fundação de Petrópolis, Rio de Janeiro, pelo alemão major Julius Friedrich Köler (residência de verão do imperador Pedro II);

1847 – Organizado Sínodo Luterano Missouri (que mais tarde veio ao Brasil);

1850 – Levi Strauss produz os primeiros jeans;

1850 – Fundação de Blumenau, SC, pelo farmacêutico alemão Dr. Hermann Bruno Otto Blumenau;

1850 – Fundação de Juiz de Fora, MG, pelo engenheiro de minas e comandante Heinrich Wilhelm Ferdinand Halfeld;

1852 – Primeira linha telegráfica do Brasil, construída por Wilhelm Schüch, Barão de Capanema;

1852 – Vitória em Monte Caseros, graças principalmente à legião dos “Brummer” (soldados alemães contratados pelo Brasil) contra os argentinos;

1853 – Criação dos pianos Steinway, por Heinrich Steinweg em Nova Yorque;

1854 – Ano pico, com a vinda de 221.153 imigrantes alemães aos Estados Unidos;

1856 – Senhora de Carl Schurz estabelece o primeiro jardim de infância “Kindergarten”em Watertown, Wisconsin, EU;

1859 – Abraham Lincoln assina o jornal “Illinois Staatsanzeiger” e se esforça em entender a gramática alemã;

1861 – Guerra civil americana (1861-1865) Milícia germano-americana assegura o Missouri para a União.

1861 - Julius Sturges traz ao mercado o primeiro “pretzel” em Lititz, PA;

1865 – Voluntários no exército da União, nascidos na Alemanha, chegam a 5.000: 41 alcançam a patente de Major General;

1866 – O alemão Adolf Pfannenschmidt funda Pfannenschmidtstadt, hoje melhor conhecida como Hollywood;

1866 – Vitória da Trípice Aliança com Brasil, Argentina e Uruguai, contra o Paraguai na maior batalha da América do Sul, em Tuiuti, graças principalmente à “bateria de artilheiros alemães” Anton Ludwig Von Hoonholt, Barão de Tefé.

1870 – San Antonio, no Texas, é 50% alemão;

1872 – Cervejeiros de Milwaukee, maiores exportadores de cerveja, nos EU;

1877 – Carl Schurz, Secretário do Interior (1877/81), EU;

1880 – Wisconsin é o Estado com maior número de germano-americanos.

1880 – 25 fábricas de cerveja em Cincinatti;

1882 – 250.630 imigrantes alemães, máximo anual; (Aproximadamente o total de alemães que imigraram no Brasil em mais de cem anos).

1883 – 15.000 menonitas alemães da Russia se assentam em Kansas;

1883 – Ponte construída no Brooklin, por Roeblings;

1886 – Distúrbios em Chicago levam à prisão e execução do radical socialista, August Spies, editor do “Arbeiter Zeitung”;

1888 – Em torno de 800 publicações em língua alemã representam 50% da imprensa americana em línguas estrangeiras;

1888 – Fundação da cervejaria Brahma por Joseph Villinger, no Brasil;

1889 – Fundação da cervejaria Antarctica Paulista pelo alemão Louis Bücher;

1889 – Proclamação da República. Criação do escudo de armas do Brasil pelo engenheiro alemão Arthur Sauer;

1890 – Ascensão de Franz Schmidt como maior fazendeiro de café do mundo, perto de Ribeirão Preto;

1893 – Nascido em Hesse, John Peter Altgeld, torna-se governador de Illinois;

1901 – Fundada a primeira cooperativa de crédito da América do Sul, pelo padre jesuíta Theodor Amstadt, e primeira associação de agricultores (Nova Petrópolis, RS);

1904 – Alemães em St.Louis, trazem ao mercado o “hamburger”;

1910 – Estimativa de haver 672.000 propriedades agrícolas de alemães-americanos;

1914 – Morre Frederick Weyerhaeuser, nascido na Alemanha “rei da madeira”nos EU;

1917 – Devido à primeira guerra mundial, muitos Scmidt mudam para Smith;

1927 – Fundação da VARIG, no Brasil, pelo aviador militar alemão Otto Ernst Meyer;

1928 – Herbert Hoover (Huber), primeiro presidente de origem alemã, nos EU;

1942 – Gen. Eisenhower comanda forças americanas na Europa. Assim, como ele, Alm. Nimitz, Gen. Spaatz e outros, são descendentes de alemães;

1950 – 128.600 alemães imigram nos EU;

1960 – Inauguração de Brasília, pelo presidente do Brasil Juscelino Kubitschek, com prédios de Oscar Niemeyer e paisagismo de Roberto Burle Marx (todos descendentes de alemães – como os chefes de Estado, Dona Lepoldina 1817, Imperador Dom Pedro II 1831-89, Augusto Rademaker 1969, Ernesto Geisel 1974-79, Fernando Collor 1990-92 Itamar Franco 1992-95);

1969 – Wernher Von Braun e outros cientistas alemães-americanos lideram o programa espacial e alunissagem;

1973 – Alemão naturalizado americano Henry A. Kissinger, Secretário de Estado e recebe premio Nobel da paz.

1983 – Tricentenário da imigração alemã, nos Estados Unidos (de 1683); Os germano-americanos constituem o maior grupo étnico nos Estados Unidos - o menos visível - o mais distribuido no território americano - o mais assimilado - e que deixou marcas indeléveis na vida e cultura deste país.

2004 – 180 anos da imigração alemã, no Brasil (de 1824);

Abrindo e protegendo fronteiras

Os imigrantes alemães nos Estados Unidos constituíram grupo esparso e difuso, quanto às condições sociais, econômicas e culturais. Nunca chegaram a ser politicamente coesos, a não ser em alguns pontos, como a rejeição à escravatura e às leis que restringiam o consumo de álcool.

Embora a língua alemã fosse amplamente praticada, optaram por assimilação rápida à sociedade americana, e uso da língua inglesa pelas vantagens econômicas que isto representava.

Destacaram-se como militares, agricultores, e industriais (indústrias de alimentos, cervejarias, carruagens, siderurgia, tipografias e outras).

De início abrindo fronteiras, como escudos contra invasores, como na guerra contra franceses e índios. E a seguir, tiveram importante participação na Revolução da Independência.

Estar nas fronteiras, foi também devido a serem agricultores pobres. Ali encontravam terras mais baratas, e férteis. Já capitalizados, passaram a reter as terras mais valiosas, aplicando técnicas de conservação dos solos.

Na guerra civil americana, ( da União federativa - Estados do norte, agricultura familiar, indústria, trabalho livre, contra os Confederados - Estados do Sul, grandes lavouras de algodão, favoráveis à escravidão), Teuto-americanos (germano-americanos) eram o maior contingente étnico a lutar pela União.

Aproximadamente 516.000 (23,4% de todos os soldados da União) tinham ascendência alemã, dos quais 216.000 nascidos na Alemanha. O Estado de Nova Yorque e o de Ohio forneceram dez divisões cada. Em termos de regimentos individuais, vários consistiam inteiramente de descendentes de alemães. Os maiores esforços de recrutamento aconteceram nas cidades de Cincinatti, St. Louis e Milwaukee. Também na eleição do presidente Abraham Lincoln, foi decisivo o apoio dos germano-americanos.

No Brasil, a imigração alemã também teve propósitos de ocupação dos espaços suscetíveis de invasões pelos espanhóis da bacia do Prata. E, alemães e descendentes, tiveram importante participação na Guerra do Prata, e na Guerra do Paraguai. Em termos relativos, grande importância. Assim como foram e continuam sendo muito importantes todas as demais contribuições dos imigrantes alemães e descendentes para o desenvolvimento do Brasil.

Porem, interessante ter idéia de proporções em relação aos Estados Unidos.
Para lá emigraram mais de 7 milhões de alemães, enquanto que ao Brasil vieram pouco mais de 250 mil.

Na área militar, a Guerra do Paraguai foi a maior na América do Sul (de 1864 a 1870). Envolveu em torno de 160.000 soldados do Brasil, 30.000 da Argentina e 5.600 do Uruguai. Do Paraguai, 150.000 soldados. Houve participação de voluntários descendentes de alemães, e alguns remanescentes dos soldados mercenários alemães, dos cerca de 1800 “Brummer” contratados para a Guerra do Prata aem 1851/2.

Já nos Estados Unidos, na Guerra Civil de 1861-1865, foram mobilizados mais de 4.000.000 de soldados. E como vimos acima, 216.000 eram nascidos na Alemanha. E assim os exemplos de expressivas contribuições alemãs ao desenvolvimento da nação americana, se estendem também às mais diversas áreas de atividades.

As diferenças em relação ao Brasil se acentuam também em função de lá ter havido imigração em levas, 140 anos antes do Brasil, e o clima ser parecido com o da Europa. Especialmente nas regiões dos grandes lagos, onde se concentraram mais as colonizações alemãs, como é o caso do Estado de Wisconsin, por exemplo.

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Norte e Sul, diferenças e semelhanças

Imigrantes, quantidade e oktoberfest

Houve imigração de alemães também no Mexico, e paises da América do Sul como Peru, Venezuela, Bolívia, Chile e Argentina, em quantidades menores.

Limitemo-nos aos Estados Unidos e o Brasil, para alguns comparativos.

Quanto ao número, enquanto em torno de 7 milhões com origem germanica imigraram nos Estados Unidos, em torno de 253 mil foram ao Brasil.









No Brasil, salvo algumas colonizações esparsas em outros Estados, a densidade em descendentes de alemães é expressiva nos 3 Estados sulinos: RS, SC e PR, com em torno de 30% da população que tem algum ascendente alemão. SC alcança 35%.



Já nos Estados Unidos,

6 Estados tem em torno de 50%,

13 em torno de 30%; (ou seja, 19 Estados semelhantes aos nossos 3 Estados, RS,SC e PR)

19 acima de 15%, e

13 em torno de 7% a 15%.

Em quantidades absolutas, os Estados da Califórnia, Pensilvania e Ohio, tem mais de 4 milhões de descendentes de alemães cada. Outros 9 Estados, acima de 2 milhões.

Os alemães já estão integrados de tal forma que dificilmente se identificam comunidades germanicas, nos Estados Unidos. Exceto algumas pequenas, com até mais de 75% de descendentes de alemães. Mas várias áreas metropolitanas apresentam como grupo étnico predominante o germânico como:

Cincinatti, Cleveland, Columbus, Indianapolis, Milwaukee, Minneapolis-Saint Paul, Pittsburgh, e St. Louis.

Em muitas destas cidades, como em tantas outras menores, há manifestações culturais alemães, e festas como a Oktoberfest. A exemplo de Cincinatti.

Assim também acontece no Brasil. Seja em Blumenau, Itapiranga, Marechal Candido Rondon, Santa Cruz do Sul, Igrejinha.

Há muitas semelhanças e diferenças, como foram as motivações para as respectivas imigrações de alemães.

Apenas como exemplo, dialetos e mistura de linguagens nos Estados Unidos como aqui estão aos poucos se extinguindo. O sotaque ingles dos texanos, talvez tenha se formado pelo fato de as tres linguas usuais eram o ingles, espanhol e alemão. Um dos lugares no Texas no qual há saudosistas das típicas bandas de música é New Braunfels.

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Alemães nas Américas

Pretendo lembrar através deste blog, vários aspectos sobre as migrações de alemães às Américas, influências e contribuições em suas novas pátrias.

Servirá também como contexto, "moldura", a postagens sobre história de famílias, como é o caso de nossos próprios antepassados, Ruschel e Heberle.

Desde os descobrimentos das Américas houve a vinda de alemães, mas de forma avulsa. Por exemplo, integrando comitivas portuguesas, sempre com algum papel relevante.

Colonizações organizadas, surgiram nos Estados Unidos, já em 1683.

Germantown, em Filadélfia, na Pensilvânia, foi fundada por imigrantes alemães.

Treze famílias Quaker e Menonitas, que saíram de Krefeld em 1681.

Hoje, a data da fundação de Germantown, 06 de outubro de 1683, é relembrada como Dia Germânico-Americano, um feriado nos Estados Unidos, em 06 de outubro.

No censo de 2000 o maior grupo étnico nos Estados Unidos, são os que se dizem descendentes de alemães ou parcialmente de alemães, 15%. Isto é, em torno de um em cada seis americanos.

No Brasil seriam 5,51%.

As maiores concentrações, e ali os índices em relação à população são altos, ficam em Santa Catarina (35%) e Rio Grande do Sul (30%).
Em alguns municípios, chega a 90% da população.

Giralda Seyferth: "Os primeiros imigrantes alemães chegaram ao Brasil antes da independência, no contexto da abertura dos portos, constituindo um grupo de comerciantes com atividades de importação/exportação estabelecido no Rio de Janeiro e organizado socialmente através da Gesellschaft Germania, uma associação de natureza étnica fundada em 1821. Alguns alemães também integraram os três primeiros projetos de colonização autorizados pelo governo português na Bahia, dos quais apenas a colônia Leopoldina, fundada pelo naturalista Freyreiss em 1818, costuma figurar na historiografia da imigração.

No entanto, o fracasso dessas iniciativas e a pouca expressividade estatística - pouco mais de 200 imigrantes registrados antes de 1822 (Fouquet, 1974) - fizeram da fundação de São Leopoldo, no Rio Grande do Sul, em 1824, o marco inaugural da imigração alemã, desde então estreitamente associada ao povoamento e colonização da região sul. (grifo meu)

Entre 1824 e 1830 os registros, bastante díspares, indicam a entrada de menos de sete mil alemães destinados às áreas coloniais abertas no sul (uma delas na província de São Paulo) pelo governo imperial e aos batalhões de estrangeiros agregados ao exército brasileiro, criados para lutar contra os portugueses (nas províncias do norte) e na guerra cisplatina.
À exceção dos comerciantes estabelecidos no Rio de Janeiro, não houve imigração espontânea de alemães pois o governo imperial, interessado em promover o povoamento e colonização, sobretudo na região sul, subsidiou os colonos e pagou a agenciadores para trazê-los ao país. A imigração foi interrompida em 1830, com a promulgação de uma lei proibindo despesas com a colonização estrangeira, sendo retomada quase quinze anos depois com a fundação de colônias alemãs no sul, no Rio de Janeiro (Petrópolis) e nas terras altas do Espírito Santo."