sexta-feira, 19 de março de 2010

Dialetos alemães

Muitos descendentes de alemães, seja no Brasil, ou nos Estados Unidos, falam algum tipo de dialeto alemão, geralmente adaptado.

"A emoção está no dialeto", que para muitos é a lingua materna.

Meu pai (apesar de ter estudado e ensinado alemão), adotava muitas expressões hunsrickish no cotidiano, pelas influências que teve na infância. Era muito engraçado quando ele comia "Grumbeere" toda vez que minha mãe cozinhava "Kartoffeln".

Entre descendentes de alemães no Brasil, são milhares que ainda utilizam o convencionalmente chamado "Riograndenser Hunsrick".Uma mistura de Saarländisch e Hunrickisch com português.
De forma análoga acontece com o Pensylvanisch Deitsch, nos Estados Unidos, por exemplo, onde a mistura é com o inglês.

Para entender melhor o contexto, e que o Hunsrickisch continua vivo, é preciso lembrar alguma coisa das classificações usuais. Devemos partir dum vasto grupo de Rheinfränkisch, deste para Pfälzsich, dentro deste o Westpfälzsich, no qual por sua vez há 9 subdivisões, entre os quais estão o Saarländisch e o Hunsrickisch.

Então, duma visão mais ampla, podemos nos referir ao dialeto Pfälzsich (do Palatinado).

Dependendo dos conhecimentos que tivermos dos idiomas que foram misturados, ficam compreensiveis as variantes dialetais. Por exemplo, em virtude de eu conhecer (embora não pratique) o Riograndenser Hunsrick, e também ter suficientes noções de inglês, consigo entender bastante do Pensilvania German e algumas formas do Texas German (em acelarada extinção).

Interessante ouvir ( da DW, para quem tem noções de alemão e do Hunrickish):
Audio Pfälzisch Ler, Weltweit - artigos. Para os que falam Hunrickisch: Saarländisch,e também
este. E um desafio, entender esta mistura com inglês.

Note-se que as palavras adotadas do inglês (assim como do português), geralmente ou porque são mais curtas e fáceis ou porque dizem respeito ao que não existia a uns, digamos, duzentos anos, como o avião.

Aliás, temos para avião, o alemão Flugzeug (coisa para voar), no dialeto Luftschiff (navio aéreo, ao algo assim, o que soa como aeronave). E se não me engano, vi escrito para o Riograndenser Hunsrickisch, "aviong".

De modo geral, dialetos são apenas falados, daí a dificuldade de uniformizar alguma grafia para este linguajar teuto-brasileiro.

Conforme o que se lê na Deutsche Welle, os dialetos tem sido preservados mais no sul da Alemanha, do que no norte.

Meu sobrenome é Heberle. Por isto, me chamou atenção o caso do Alemmanisch.A maioria dos que usam este sobrenome vivem na região, embora nosso antepassado tenha vindo do Saarland.O Alemmanish, ultrapassa fronteiras. Alem da Floresta Negra, é falado na Alsácia, do outro lado do rio Reno na França, na Suiça, no Lichtenstein, no norte da Itália.

Outrossim, continua firme o Schwabisch. Tambem com alemães que utilizam este dialeto tive contato direto. Uma irmã de meu pai casou com um alemão suábio, padeiro. E um dos amigos dele e de meu pai, mais tarde mudou para Entre Rios, perto de Guarapuava, PR onde se instalaram Donauschaben em torno de 1950 (e lá a cooperativa deles opera a maior maltaria da América Latina).

Dificilmente alguem perde o sotaque, que assim muitas vezes ajuda a sabermos de onde veio nosso eventual interlocultor.

Curioso e intrigante é o de como se adaptam e sobrevivem dialetos alemães, seja na América do Sul ou do Norte, entre descendentes de imigrantes.

Será que há vantagem em ter um dialeto como idioma materno?

Boa resposta encontra-se no item 4, neste texto que elaborei.

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