quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Ítalo-germanicos - parte 1/3

1 – Italianos descendentes de alemães.

Imigrantes vindos às Américas com algum grau de etnia germanica - que originalmente falavam algum idioma relacionado ao alemão - de regiões no mundo que não a atual Alemanha, foram o foco em "Alemães, quais ?". Sobre ítalo-germanicos, é um complemento.

Várias famílias que emigraram da região do Veneto para as Américas (e outros lugares no mundo) com sobrenomes italianos, são em algum grau de etnia germanica. Entre estes (como tiroleses e outros) há os descendentes dos que migraram, a partir do século XI, do atual sul da Alemanha a esta região no atual norte da Itália. Descendência esta em maior ou menor proporção, conforme os casamentos mistos ao longo dos anos.

Eles são uma minoria dispersa e quase oculta entre os milhares que saíram do que é hoje a Itália. Naturais, em sua maior parte, de Vicenza e Veronese, assim como descendentes de tiroleses e outros, do Trentino. O caso é diferente em relação aos descendentes de italianos e alemães que casaram entre si em suas novas pátrias.

O entrosamento entre povos transalpinos é antigo. Já no Império Romano, tanto Augsburg , hoje na Alemanha, quanto Trento, hoje na Itália, faziam parte da mesma unidade administrativa de Videlicia e Raetia, unificadas. Veja neste mapa antigo.

(clique para ampliar)

Visando o domínio da região, os romanos implantaram uma via através dos Alpes, a Via Cláudia Augusta. Esta continuou sendo utilizada por muitos séculos para deslocamentos de soldados, mineradores, agricultores, lenhadores, artesãos - entre o sul da atual Alemanha e região do Veneto, na atual Itália.



Fato relevante em relação à importância das travessias nos Alpes e deslocamentos de populações germanicas na época ao norte da atual Itália, é que a Comarca de Veronese esteve sob controle do duque da Baviera de 952 a 1157.


Um fator de aproximação tambem era a Igreja, com seus bispados. Havia relacionamento entre as dioceses ao norte, de Freisig e Benediktbeuern (próximas a Augsburg) e de Verona, Vicenza e Trento, ao sul.

Em 1040 houve escassez de alimentos na região entre os rios Lech e Isar, afluentes do rio Danúbio. O bispo de Verona então convidou os que viriam a ser conhecidos como Zimbarn. Colonizaram a região que abrange as 13 comunidades em Verona, 7 comunidades no altiplano do Asiago em Vicenza. Mais tarde, migraram ainda para Luserna (no Trentino, após 1600) e outras, na região de Cansiglio (no Treviso e Belluno, após 1800).

As comunidades no Asiago, por vários séculos constituíam uma região e povo independente, o que influiu na preservação do idioma, até o século passado - e ainda hoje em pequenas ilhas lingüísticas. É o mais antigo dialeto alemão bávaro existente. Sobre esta República e o idioma já comentei em outro blog. Há outras duas teorias sobre a origem desta população, mas esta é a mais bem documentada.

Quando comentei em outro blog o sobrenome Eberle, mencionei um folheto turístico de Schio, comunidade próxima de Asiago, no qual consta que houve maciça imigração de alemães no século XI, neste caso principalmente para a mineração.

(Continua - parte 2/3)

Ítalo-germanicos - (parte 2/3)

(Link, início - parte 1/3)

2 – Sobrenomes de Famílias Cimbrias

Entre as famílias Cimbri (Zimbern), havia clãs como os Rodeghieri, Slaviero, Nicolussi, Rigoni. Sobre o sobrenome Rodeghiero (ingl.).

Sendo muito numerosas estas famílias, passaram a adotar um segundo nome, proveniente dos cônjuges nos casamentos (da mesma etnia ou não). Alem disto, os sobrenomes foram italianizados, especialmente a partir da unificação da Itália.

Exemplo evolução de sobrenomes (Cimbri): Slaviero → GioppoNo ano 1000 d.c. vieram do sul da Alemanha (Bavária) populações que se estabeleceram no Altiplano de Asiago,e em Rotzo e estabelece uma família de nome "Slaviero",que em muitos anos se familizaram entre eles e 85% dos habitantes eram de nome "Slaviero" que para diferenciar-se entre os destinos ramos familiares tinham certas comparações:
Os Slaviero "Gritt",os Slaviero "Pra" , entre muitos os Slavieros "Jop". a palavra "Jop" se pronuncia "Giop", e muitos se chamavam "Giopi". Johannes Job tinha um filho em 1597,e o pároco do povo de Rotzo batizou como GIOVANNI DI GIOPI e é o primeiro que mora em Chiuppano.onde tem uma filha em 1631 chamada MADDALENA GIOPPO tendo outros filhos mais.”


Outro exemplo de como ao longo do tempo se juntaram sobrenomes: Rodeghiero(Destaquei no parágrafo, Cheberle).
Per superare i casi di omonimia, anche al cognome Rodeghiero vengono aggiunti nel tempo alcuni soprannomi; nella riunione dei Capi Famiglia tenutasi nella Chiesa arcipretale di Asiago il 30 ottobre 1910, troviamo i seguenti: Resciar, Moselan, Cheberle, Runz, Tabio, Nichel, Caldana [32]. A questi sono da aggiungere: Bardoa, Feri, Folo, Giochele, Parigin, Polenton, Spera, Vestar.”
Embora nem todos os que são portadores de um determinado sobrenome tenham alguma relação como este povo, encontramos em diversas fontes vários tais como:

Dall'Olio,Mosele, Bonomo, Carli, Finco, Rossi, Barbieri, Sartori , Bau (Nicolussi ~2/3 da pop. de Luserna, Slaviero, Rodrighiero, Rigoni) Azzalini, Bottega, Ciprian, De Conti, De Luca, Battistin, Zanette, Peterle, Fachin, Bona, Gandin, Bortoluzzi, De Marchi, Padovan, Calvi, Basso, Polito, Dazzi, Brandalise, Fabbris, Casagrande, Hofelt, Grillo, Benedetti, Bonato, Gandin, Martello, Laser, Martello,Spillari, Cunico, Alberti, Molinari, Veronesi, Dal Bosco, Piazolla.

Há tambem como exemplo, Tagliari, em Getúlio Vargas, RS oriundos de Gallio, Comuna de Aziago, Provincia de Vicenza. Outra é Dal Pozzo.
Como dissse, temos assim uma minoria dispersa, com alguma ascendência germanica, em meio aos ítalo-brasileiros e americanos. Certamente muitos dentre os próprios desconhecem estes detalhes. Mas, podem estar entre os que procuram manter as tradições trazidas da itália, da região do Veneto, que já refletem as contribuições das várias culturas que as moldaram. Exemplo de algo típico? Asiago, das comunidades Cimbri, é mundialmente conhecida devido a seus queijos “Asiago”, com Designação de Origem Protegida.

Interessante um artigo escrito por brasileiros, publicado em Luserna, onde mais é preservado o idioma Zimberisch. Indica que já há uma maior atenção a estas peculiaridades relativas aos imigrantes que de lá vieram. E mencionam o Circolo Vicentini, como uma forma da expressão cultural na qual se incluem estes descendentes. Da mesma forma, há o Circolo Veronesi, e Circolo Trentino. São associações que congregam descendentes de oriundos destas Províncias da Itália. O que constatamos é simplesmente o fato de haver sob nomes italianos vários integrantes destes grupos que tem algum ascendente germânico, em seu histórico de onde vieram.E ainda, que isto é até imperceptível face ao mútuo aculturamento, pelo qual em cada Circolo “todos cantam as mesmas canções”.

Atualizando: Interessante confirmação de Slaviero, e imigrantes descendentes de Cimbri no RS, neste vídeo.

Há situações curiosas, como este nome misto num registro de empresas:

Alessandro Schermenzerich Rossi (na sétima linha).

Rossi é um sobrenome muito comum (porque tem seu significado em característica pessoal) e corresponde a famílias diferentes sem o mínimo parentesco ente si.

Já neste caso, é interessante ver que entre os Cimbri, tambem há Rossi. E o endereço da mencionada empresa individual é em Verona, região das 13 comunas onde se falava o Zimberisch. Então é alta a probabilidade de Schermenzerich ser deste dialeto (ou similar).

Diversos registros da presença de Rossi entre os Cimbri:
Rossi, no Asiago ... exército da República das 7 Comuni
Nicolussi RossiValstagna ed Asiago, viene specificato che: "cinque famiglie (quattro di cognome Baù ed una Rossi)I CONSIGLIERI COMUNALI DELLA LISTA CIVICA “PER ASIAGO”Lobbia Antonio, Rossi Silvia, Gattolin Francesco, Del Giudice Luciana, Paganin Corrado
Rossi, pg 28, pg 41 (em Luserna)

Numa busca Google: Schermenzerich, alem do mencionado Rossi,
mais um somente:
1. Genealogia CHEBERLE
171, batizado “Schermenzerich”, era construtor [...]

São dados raros, porque pouco publicados e relativos a minorias.

(Continuação - parte 3/3)

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Ítalo-germanicos - parte 3/3

(Link ao início - parte 1/3)


3 – Rota através dos Alpes

Os romanos construíram a Via Cláudia Augusta, uma ligação transalpina, entre o que hoje é o sul da Alemanha e a região doVeneto, no norte da Itália. Ou entre o rio Pó, e o rio Danúbio, atravessando os Alpes.

Foi utilizada durante séculos. Inclusive devem ter migrado através dela os bávaros que se tornaram os Cimbri nas 7 comuni em Vicenza, e 13 comuni em Verona, entre outros.

Entre as famílias no Asiago, já vimos o sobrenome Cheberle, como exemplo. A probabilidade de que veio como Keberle é plausível. Em italiano não há o uso da letra “k”. E, ainda hoje, conforme a distribuição deste sobrenome na Alemanha, o maior número de pessoas Keberle vivem em Landsberg am Lech. Veja pelo mapa que a Via Claudia Augusta passa por Landsberg!

Na mineração, tinham suas raízes no alemão a maior parte das expressões que eram utilizadas, mesmo as escritas em latim. Isto consta da história, entre outros, do bispado de Trento. Como exemplo há em Vicenza o nome do local Ruschel = Roschel, cujo significado pesquisamos a propósito de sobrenomes nestas duas grafias, de imigrantes provenientes da Alemanha.



(Clique para ampliar)



Observe no mapa relativo à Via Cláudia Augusta


1 – Região a oeste do rio Isar, afluente do rio Danúbio, de onde saíram migrantes, que seriam denominados Zimbarn. (Entre as migrações ao longo do tempo, como do Tirol)


2 – Região na qual se instalaram estes, nas atuais Províncias de Vicenza e Verona.

Atualmente, a rota da Via Cláudia Augusta serve a fins turísticos, para ciclismo e caminhadas.

Vídeo (alemão), relato sobre a Via Cláudia Augusta.

Aventura, de bicicleta, vídeo (em alemão) iniciando na Floresta Negra, para entrar então na Via Cláudia Augusta.

Via Cláudia Augusta, trecho na Baviera. Deutsche Welle, em portugues.


Ciclismo, (português) rota Via Cláudia Augusta.

Ciclistas brasileiros, parte I, Parte II

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sábado, 22 de outubro de 2011

Oktoberfest

Oktoberfest é assunto bastante divulgado. Por isto, limito os comentários a alguns detalhes e contrastes, e a uma visão geral desta festa germânica nas Américas.

Maior festa popular do mundo, em Munique, na Alemanha, atrai acima de seis milhões de visitantes. Entre estes, muitos desavisados se embriagam antes do tempo. É que o teor alcoólico das cervejas consumidas nas tendas ou pavilhões da festa é mais elevado do que nas cervejas convencionais. Lá, apenas podem ser servidas cervejas aprovadas como sendo da Oktoberfest, sob certos critérios, como a de ser produzida nos limites territoriais de Munique.

A segunda maior Oktoberfest no mundo, também acontece na Alemanha, em Hannover, com acima de um milhão de visitantes.

Histórico sobre as origens dos festejos em 1810 consta em vários sites, e pode ser vista neste da cidade de München (em alemão). Conhecendo este histórico fica compreensível a equivalência entre “Willkommen auf der Wiesn" = "Willkommen beim Oktoberfest" , ou bem vindo no prado = Bem vindo à Oktoberfest. A festa continua sendo realizada no mesmo local, um prado em que houve corrida de cavalos, como parte dos festejos naquele ano e outros a seguir. Hoje não há mais corridas de cavalos, mas ficou esta expressão.

A Oktoberfest passou a ser adotada como modelo também mundo afora. A original engloba tradições culturais, consumo de cervejas, gastronomia germânica. Muitas destas festas fora da Alemanha realçam apenas algumas destas características. E, nem todas acontecem em outubro.

As maiores Oktoberfest fora da Alemanha, acontecem nas Américas.

Na América do Norte, sendo muito grande o número de descendentes de imigrantes de etnia germânica, há centenas destes festejos, sejam como “Oktoberfest”, “Beerfest”, “Wurstfest”, e outras. Em comum há o consumo de cerveja, músicas típicas, e basicamente “Gemuetlichkeit”.
(Veja definição no primeiro parágrafo, aqui).
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Há as que se sobressaem em atividades tais como desfiles, grupos folclóricos, bandas de música, diversões, jogos e competições. Variedade em opções gastronômicas e cervejas completam as festas. Em qualquer país, todas geram movimentação comercial e turística. As mais genuínas destinam resultados financeiros a entidades culturais e assistenciais, o que tambem é uma diferenciação.

Algumas listagens colocam nesta ordem, em número aproximado de visitantes, as maiores Oktoberfeste fora da Alemanha:

Kitchener 700 mil – perto de Toronto, no Canada
Blumenau 600mil – em Santa Catarina, no Brasil
Cincinatti 500mil – em Ohio, nos Estados Unidos

Uma das diferenças notáveis entre as Oktoberfest em Kitchener-Waterloo e Blumenau, (alem de lá ser outono e aqui primavera...) são os espaços físicos e forma de organização. Lá há uma entidade de coordenação, e uma descentralização dos “pavilhões”. São uma dúzia e meia de locais diferentes. São clubes com variadas capacidades em seus espaços. Todos credenciados segundo critérios padronizados. Assim abre-se um leque em opções aos visitantes, com detalhes diferenciadores correspondentes aos diversos grupos de imigrantes e descendentes, mantenedores destes clubes.

Esta base nos clubes se reflete na autenticidade, uma vez que a iniciativa não partiu de cervejarias ou de outros setores. O realce está nas tradições culturais. Claro que a cerveja faz parte. Aliás, uma curiosidade é que no início tiveram uma propaganda censurada pelo poder público, porque evidenciava a cerveja.

Também em Blumenau há integração de várias entidades culturais, grupos folclóricos, que durante os festejos compartilham os desfiles de rua, e um espaço com os pavilhões
no “prado” que é a Vila Germânica. Isto é, a festa acontece de forma centralizada. Neste sentido tem maior similaridade com a da Alemanha.

Estes e outros contrastes são perceptíveis, ao se fazer “viagem virtual”, visitando sites e assistindo vídeos.

Algumas oktoberfest, para ilustrar:
Kitchener-Waterloo, Blumenau, Cincinatti (german accent, zinzinatti), Mount Angel no Estado de Oregon é uma comunidade pequena, mas que recebe ate 350 mil visitantes (propaganda de 2011).

Diversas agências turísticas e de viagens publicam relações diferenciadas, como estas:
1, 2 (18), 3 (10), 4, 5 (Por Estados,58) Mais de vinte, em Wisconsin e Estados limitrofes.

No Brasil, até onde sabemos, a primeira ocorreu de forma incipiente em Itapiranga, SC (1978). Observe após o texto as 6 fotos, síntese da evolução a partir de pequeno grupo. Fotos singelas e muito expressivas!

Já a partir de 1984 acontecem as de Blumenau (SC), e Santa Cruz do Sul (RS). Foram surgindo em várias cidades, como pode ser visto em listagem relativa ao Brasil, talvez incompleta.

Em outros países na América do Sul, nos quais há descendentes de imigrantes de etnia alemã, há destas festas de outubro. Ocorrem em quase todos os países, mas em proporções bem menores (e alguns até desvirtuados). São exemplos:
Villa General Belgrano, Cordoba, Argentina (desde anos 60)=Festa Nacional da Cerveja;
Colômbia, Bucaramanga; (Só buscar a cidade)
Venezuela, Tovar; (idem)
Equador, em Quito, promoção hoteleira;
Peru, (2002-) Lima e Cusco, e ainda 2011 primeira vez em Pozuzo-Oxapampa;
Bolívia;
Paraguai, Club Aleman, Assunção;
Uruguai, Casino em Punta Del Leste.

Já está longe o casamento do Rei Ludwig I. Mas, se levarmos em consideração o modelo original da festa, é concebida para toda a população, todas as famílias. E, para todos os membros das famílias. Inclui cerveja para quem tem idade e gosta, assim como muitas opções para confraternização e divertimento. Enfim, uma festa para bem receber conforme a índole dos anfitriões, que preservam a cultura e tradições alemãs (cuja memória é enfatizada nestas ocasiões). Este, a meu ver, bom parâmetro para eventuais comparações.

Prosit!

domingo, 2 de outubro de 2011

Associações

(Sugiro que leia antes "Alemães, quais?" e “Grupos por Afinidades”)

Vários grupos de afinidades entre os de etnia germânica criaram associações, promovem encontros, bem como se empenham na preservação de documentos e objetos. Na maior parte, são de minorias alemãs que tiveram contato com várias outras culturas.

Assim acontece com os descendentes de Bohêmios, que irão receber visitas importantes da República Tcheca, conforme pode ser visto aqui. E, uma relação de associações de Sudetos.

Bessarabianos, tiveram a presença do cônsul da Romênia, em seu XVIII Encontro.

Bucovinos também tem suas celebrações, em RioNegro, PR
Tem a ver com os Boêmios (tchecos), pois saíram do Böhmerwald (das quais mantiveram as tradições) para a Romênia.
ABC – Associação Alemã-Bucovina de Cultura . Interessante histórico. Mais outras notícias.

Austríacos, tem em Treze Tílias um Consulado Honorário da Áustria.

Há também os suíços alemães.

Donauschwaben (Suábios do Danúbio), assentados em Entre Rios, Guarapuava, PR (1950) com muito êxito. Após a segunda guerra estavam refugiados na Áustria.

Tiveram a visita do embaixador da Croácia. Alguns falam, alem de português e alemão, o idioma croata. O embaixador falou em croata com alguns dos pioneiros.

Já houve imigração bem anterior (~1890) de Suábios do Danúbio, vindos do norte da Hungria. É o caso de colonia em Jaraguá do Sul, SC , os quais mantinham escolas em alemão, de início. Hoje, buscando resgatar tradições tambem é dado realce à cultura magiar, com a qual havia mesclagem, predominante na atual Hungria. Contingente maior havia se instalado na época em Santo Antonio da Patrulha, no Rio Grande do Sul.

Alemães do Volga (Rússia), em Ponta Grossa, Palmeira e Lapa no Paraná (1876), não progrediram, e muitos se realocaram na Argentina (1878). Lá são em torno de 2/3 dos descendentes de alemães, e ajudaram a este país ser grande produtor de trigo.
Lá tem várias associações. Não sei se há por aqui.

Em relação à Alemanha, há muitas instituições que promovem o intercambio sócio, cultural e econômico com o Brasil. Consulados, Câmaras de Comércio, Institutos. Da mesma forma há muitos clubes e associações. Boa fonte de informações, das nostálgicas às modernas, é o Portal Brasil Alemanha

Assim, há inúmeras associações nos vários países da América.

A maioria das pessoas poderia pertencer a várias associações simultaneamente, seja de italianos, poloneses, ucranianos, bessarabios, bucovinos, bohêmios, e CTG’s (alemães gauchos).

Com a enorme diversidade de etnias no Brasil, e diferenças intra-étnicas – esta diversidade se reflete cada vez mais em famílias e indivíduos.

Assim, alguém pode ter apenas herdado um sobrenome alemão. Advindo juntamente como os genes, por exemplo, de um de seus 8 bisavós.

Talvez seu contato cotidiano seja com outra cultura que não a alemã. Devido a isto, o interesse dele poderia se restringir a conhecer a história deste antepassado, visitar algum museu de imigração, observar objetos e documentos – com um detalhe importante - que alguém tenha preservado!

Tal como é o caso do maior acervo fotográfico sobre imigração alemã no sul do Brasil, com 18.200 fotografias antigas do período 1860-1960.

Outra minoria étnica de ascendencia germanica é constituido por várias famílias de imigrantes italianos, descendentes de bávaros e tiroleses. Veja sobre ítalo-germanicos.

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Grupos por Afinidades

(Sugiro ler antes “Alemães, quais?”)

Há grupos de brasileiros, formados conforme as diversas origens na descendência germânica, nos quais o interesse em conhecer as terras de onde vieram seus antepassados tem aumentado.

Em contrapartida, várias nações percebem aí uma oportunidade para estabelecer pontes de amizade com o Brasil. Em reciprocidade, tentam facilitar a estes brasileiros suas buscas, inclusive oferecendo cursos de idiomas que facilitem a comunicação com atuais habitantes das respectivas regiões de origem dos imigrantes.

Afinidades, ainda que sejam pequenas, que acabam contribuindo na facilitação de intercâmbios culturais e econômicos.

Claro que isto é aplicável também a descendentes que vivem em outros países americanos.

A busca de suas raízes é desafiadora e culturalmente enriquecedora. Mais ainda quando o aprendizado de um mínimo em outros idiomas for considerado.

Exemplificando:

Descendentes de imigrantes vindos da Boêmia, tanto se vêem confrontados com o idioma alemão manuscrito em letra gótica com a qual se comunicavam os antepassados, quanto com o idioma tcheco nos quais estão renomeadas as cidades e vilas hoje. Então, conhecer algo deste idioma, falado somente pelos tchecos, pode ser útil - apesar de que grande parte da população na República Tcheca fale também o alemão, como segundo idioma.

Neste contexto da realidade atual, surgiu a oferta de cursos do idioma theco em Nova Petropolis, no Rio Grande do Sul (e outros lugares).

Em 17 de agosto de 2007, a Prefeitura de Nova Petrópolis assinou um Convênio com a Prefeitura da cidade tcheca de Jablonec nad Nisou (Gablonz an der Neisse) para intercâmbios em diversos setores.

Leia sob o título “Associações” e perceba a diversidade existente, e onde procurar mais dados de seu particular interesse.
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Alemães, quais?

Estamos habituados a relacionar tudo o que se refere a “alemães”, à Alemanha.

Quanto a “Alemães nas Américas”, cabe esclarecer que a referência é à etnia alemã ou germânica. Germânicos, falando algum idioma alemão.

Imigrantes de fala alemã chegaram ao Brasil e outros países da América, antes da formação do Império Alemão. Bem como de outras regiões e países fora da área geográfica hoje abrangida pela Alemanha. Na situação atual, estas regiões estão localizadas em vários países, que passaram por transformações diversas.

A Alemanha é a mais importante, com o maior contingente de imigrantes vindos de Estados que hoje a integram. Mas outros vieram de regiões do Império Austro Húngaro, regiões hoje situadas na República Tcheca, na Áustria, na Suíça, na Hungria, ex-Iugoslávia (Croácia), Romênia. E outros ainda, da Rússia.

Muitas das regiões de origem dos imigrantes eram zonas de disputa entre potências políticas, ainda que de convívio pacífico e conflitos administrados entre povos vizinhos de diferentes etnias. Assim, no meu caso para ilustrar, 3/8 vieram da Boêmia região de convívio entre germânicos e eslavos, e alternância de domínio administrativo e cultural (~700 anos austríaco). Isto na fronteira leste. E os demais, da fronteira oeste, do Saarland . Ali o convívio era com os franceses, de língua latina, e houve a alternância de domínio entre França e Alemanha.

História de muitos séculos é a de outro grupo constuituido pelos descendentes de Bávaros e Tiroleses, que vieram às Américas vindos da atual região do Veneto da Itália. Veja em ítalo-germanicos.

Cada descendente encontra nas buscas, peculiaridades que diferenciam seu caso daquele de outros. Seja em relação à proporção de seus “genes germanicos” seja quanto às regiões de origem.

Meus próprios descendentes já terão uma história individual bem diversa da minha.

Sobre o que facilita buscas, veja sob o título “Grupos por Afinidades
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domingo, 18 de setembro de 2011

Dialetos - 2

Será que há vantagem em ter um dialeto como idioma materno?

Já sentiu inibição ou constrangimento por ter algum sotaque,
porque em casa falam algum dialeto?

1 - Emigrantes dos vários “Estados” que vieram a integrar o Império Alemão a partir de 1871 levaram cada qual seu modo de falar, numa grande diversidade de dialetos, às várias regiões do mundo nas quais buscaram novas oportunidades. Alem destes, falantes de alemão de outros países.

Da mesma forma, ao Brasil. Aqui, viviam praticamente isolados. E os contatos entre os imigrantes das várias regiões de procedência ensejaram a formação de um novo dialeto com predominância do Hunsrickisch, que a maioria falava. Mais tarde, também foram incorporadas e adaptadas palavras do português, e cada vez mais.

A referência é ao surgimento do “Riograndenser Hunsrickisch” que abrange o maior grupo entre os falantes de dialetos alemães no Brasil.

2 - Sobre efeitos da convivência dos vários grupos de imigrantes, ainda que fossem todos de fala alemã, já foi comentado em “3 – Evolução de interações culturais” na postagem Alemães Gaúchos -2. Como efeito destes contatos e com base nesta nova maneira mesclada de falar e hábitos germânicos mantidos e outros adquiridos por força do meio em que agora viviam - e o fato da ausência de contatos mais significativos com o que viria a ser a Alemanha – surgiu uma nova identidade.

Criou-se uma identidade própria de “Deitsche” em solo brasileiro (distintos dos “Deutschländer” ou alemães vindos mais recentemente). Significativa considerando-se que de início, nem cidadania brasileira tinham.

3 – O grupo dos descendentes destes primeiros imigrantes cresceu geração após geração. E as famílias eram numerosas. À medida que passaram a faltar terras nas antigas colônias, passaram a migrar. Inclusive um considerável número para a Província de Misiones, na Argentina.

Já o linguajar próprio e seus usos e costumes, ao longo dos anos passaram a uma regressão em termos relativos. Isto à medida que muitos daqueles das novas gerações, migravam a outras ou novas colonizações com pluralidade de etnias. A língua em comum nestes casos passou a ser o português. E casamentos entre etnias diferentes, mais comuns. Some-se a isto a crescente urbanização e êxodo rural.

Alem destes fatores gradativos, houve grande impacto inibidor também com as duas guerras mundiais, especialmente a segunda. A política de nacionalização decretada em 1938 foi fortemente negativa.

Neste contexto, pela urbanização ou pela opressão, muitos casais mesmo ambos sendo descendentes de alemães, passaram a negligenciar o uso do dialeto no convívio familiar. Muitos foram influenciados por comentários depreciativos que taxavam o dialeto de algo atrasado.

O abandono do dialeto quando seria viável sua preservação, na realidade é uma perda, para indivíduos e a sociedade.

4Mas qual seria a vantagem para crianças cultivarem algum dialeto?

Interessante resposta está neste artigo da Deutsche Welle, (em portugues)

Quem fala dialeto fala melhor”.

Destaco algumas conclusões de especialistas:

[...]O presidente da Associação Alemã de Filólogos, Heinz-Peter Meininger, justifica este fenômeno da seguinte maneira: "Os falantes de dialetos aprendem bem cedo a diferenciar diversos níveis lingüísticos. Isso treina a capacidade de apreensão e o pensamento abstrato."
Na visão de Josef Kraus, presidente da Associação Alemã de Professores, os falantes de dialetos tendem a ter melhor desempenho em língua alemã e matemática por causa de sua boa compreensão analítica. [...]

Pesquisas neurológicas recentes também revelam que o centro de competência lingüística no cérebro é mais desenvolvido em crianças que dominam diversas línguas. E o dialeto é um pressuposto ideal para qualquer criança desenvolver sua capacidade de articulação verbal.[...]

5 – Esta conciencia de valores em relação ao que para muitos parece ser algo arcaico,
em preservar dialetos, está levando a uma lenta revalorização.

Vários pequenos municípios – tais como São João do Oeste que já mencionei em outra oportunidade - nos quais há predominância de descendentes de alemães, estimulam a preservação do dialeto e outras tradições.

Isto facilita que em paralelo haja exito no ensino do alemão clássico e ingles, desde a tenra infancia.

Sem dúvida, uma vantagem no futuro destes brasileiros!
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sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Alemães Gauchos - 2

Complementando sobre interações culturais relativas aos descendentes de imigrantes alemães,
como visto em "Alemães Gauchos":

1 – Expressão bem marcante de teuto-gauchos é o grupo musical “3 Xirus”, que iniciou com músicas alemãs e aderiu ao gauchismo. Misturam música nativa com popular germânica.

Vídeos ilustrativos:

6 músicas em alemão (dialeto);

Em CTG, resgatando várias músicas em alemão (Blau ferber, Oh Susanna, Trinke noch ein Trepfchen);

Outra, Morgen;

Ao final deste vídeo – sobre Bruno Neher e suas músicas (inclusive em alemão) inspiradas em situações da vida dos descendentes de imigrantes alemães. Muitas em português com o sotaque destes. (Os Três Xirus ficaram famosos no Estado por misturar o sotaque germânico à tradicional música gaúcha.)

Muitos descendentes de alemães procuram preservar musicas e canções alemãs tradicionais, alem de haver versões em alemão de algumas músicas brasileiras, e gauchas, como pode ser observado neste vídeo. Interessante que vem todo legendado em alemão, inclusive uma música gaucha (~ no 53'). São mais de hora e meia de boas música.

2 – Na Argentina, até onde sabemos há entre descendentes de “Deitsche” vindos do Brasil, adaptações de música popular alemã. Veja aqui, “Die Marie und die Greth”. Há letras misturando espanhol e alemão, como neste exemplo, de “El Chaburay”.

Compare "El Chaburay" com “Alemão Malandro” em português, dos “3 Xirus”.

3 - Evolução de interações culturais.

Nas colonizações nas quais conviviam descendentes de alemães e imigrantes alemães recém chegados, de início apenas mesclavam culturas das várias origens destes. Apenas mais tarde surgiram efeitos de contatos com outras etnias.

3.1 – Entre os Deutschbrasilianer, ou teuto-brasileiros, temos os descendentes dos imigrantes vindos até 1871, que não tinham a nacionalidade alemã (porque a unificação sob o Império Alemão se deu a partir daquele ano), os Reischdeutsche vindos entre 1871 e 1945 (sob o critério da denominação oficial Deutsches Reich, que na forma original perdurou até novembro de 1918), e Bundesdeutsche, os imigrados mais recentemente. E ainda, os Wolgadeutsche, e os Donauschwaben, como principais grupos de alemães que chegaram ao Brasil de outros países aos quais já haviam migrado.

Já antes no Brasil, tal como depois na Argentina (conforme este artigo em alemão, e veja também o que escrevi sobre alemães na Argentina), aqueles do primeiro grupo de teuto-brasileiros, descendentes de imigrantes vindos antes de 1871 adotaram a para si próprios a denominação de “Deitsche” como forma de distinção em relação aos demais grupos, genericamente chamados de “Deutschländer”.

Estas denominações contrastam com as usuais pelas quais o específico é "Reichdeutsche" para os que tem cidadania alemã, e o genérico "Volksdeutsche" designando os demais, de etnia alemã.

Nas colonizações nas quais “Deutschländer” se assentaram em meio a “Deitsche” , ocorreu interessante intercambio cultural, e de conhecimentos práticos. Assim como os recém vindos traziam por vezes inovações, os já radicados há mais tempo ensinavam sobre manejo de culturas como, por exemplo, o cultivo de aipim.

Recordo de um comentário ouvido na minha infância (anos 50), quando morávamos na vila que hoje é a sede do município de São João do Oeste (SC). Comentário feito por um amigo de um tio meu (por casamento com minha tia), ambos alemães “Schwabe” vindos em torno de 1930. Após voltar de visita aos parentes na Alemanha, enfatizava que lá, na parte sanitária, ou “in die Latrine” se fazia tudo com “Wasserspülung”. Isto é, referia-se à descarga em vaso sanitário. Apenas realçava o contraste com as precárias privadas usuais no interior, naquela época. Não sei deste detalhe, mas certamente foi dos primeiros a instalar encanamentos de água, ainda que de fontes ou poço com bombeamento, e construção de fossas que permitissem a “Wasserspülung”. Serve para ilustrar que difundiam novidades tanto quanto impulsionavam atividades na comunidade, tais como a ginástica em aparelhos.

3.2 – A propósito deste episódio sobre latrinas ou privadas da época, tentei lembrar como o povo, que na maioria falava em dialeto, chamava aquelas casinhas um pouco mais afastadas das residências que tinham esta função.

É “Capunge” ou “Patent” na confirmação que tive da parte de Pio Rambo. Ele é um entusiasta e divulgador do dialeto “Hunsrickisch”, como pode ser visto em seu blog.

O editor do indicado blog, também é um exemplo de que muitos dos “Deitsche”, não aderem às tendências que comentei em “alemães gaúchos”. São preservacionistas e defendem a pluralidade cultural. Esta certamente é possível e interessante, e não necessariamente exclui as possíveis fusões com suas novas resultantes. Resultantes estas posicionadas mais como diversidades regionais do que étnicas, em relação a usos e costumes nas várias regiões do país – como é o caso do churrasco e chimarrão.

O fato é que hábitos não originários da Alemanha foram incorporados também entre falantes do “Hunrickisch”, como é o caso do consumo da erva mate. Por outro lado, ainda que prevaleça a opção pelo alemão clássico, entre os que estudam, pela óbvia vantagem em funcionalidade – é compreensível e válido persistir na fala de dialetos por razões emotivas, e eventualmente estudá-los em paralelo.

Ainda mais, na “aldeia global” cheia de “tribos”, do mundo atual.

A propósito, será que há vantagem em ter um dialeto como idioma materno?


Veja sob ítem 4 conclusões de cientistas que destaquei neste texto que elaborei.

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sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Alemães na América Latina (4/4)

( Início do tema, clique aqui)

Argentina, continuação.

Imigrações alemães no Alto Paraná

A Província de Misiones foi a que mais recebeu imigrantes alemães, com o maior número de colonias consolidadas.

Em 1919 foram implantadas as colonizações de Puerto Rico (católicos), Montecarlo (protestantes). Foram atraídos milhares de descendentes dos imigrantes alemães do Rio Grande do Sul. A estes teuto-brasileiros juntaram-se novos contingentes de alemães, com a criação também de Eldorado, e outras mais ao sul da Província.

Entre estas várias colonizações havia particularidades diferenciadoras. Assim, os teuto-brasileiros viviam socialmente separados dos demais alemães. A estes denominavam de “Deutschländer” em contraposição a si próprios de “Deitschen”. (“alemães” e algo como “alemons”, já no Brasil, e até hoje. É uma auto-referência dos descendentes das primeiras levas de imigrantes do período anterior à existência formal da Alemanha. A unificação alemã ocorreu em 1871. Em outro blog escrevi sobre processo da assimilação de alemães gaúchos).

Separados também viviam os Alemães do Volga, na baixa Misiones, assim como Alemães Suíços. Mesmo entre os alemães propriamente ditos, havia diferenciações, como denotam os toponímicos Bayerntal e Schwabental, na região de Eldorado.

No entanto, mais do que as mencionadas diferenças entre os vários grupos de imigrantes alemães, são marcantes as características em comum entre os vários grupos, em todos os países, tais como ênfase em valores da família, da educação, da solidariedade. Alem da valorização da música, desde a clássica à popular, danças folclóricas, confraternizações, corais, eventos culturais e esportivos, costuma haver as típicas bandas e bandinhas de música que costumam tocar marchas, valsas, polkas, animando bailes e festas - com algumas variações conforme as origens dos grupos, ou adaptações a costumes locais.

Paraguai

Apenas após a Guerra do Paraguai, acentuaram-se as imigrações, a partir de 1870.

De início em San Bernardino.

Muitos são teuto-brasileiros, complementados por alemães, como em Hohenau.
Destacam-se também as colonizações Menonitas como é Fernheim, na região do Chaco.

Dos imigrantes registrados de 1870 a 1959 - 8,4% foram alemães, 2,2% austríacos e 12,2% Menonitas (também de fala alemã) conforme consta nesta fonte (em alemão) pg.2 em tabela das várias nacionalidades dos imigrantes. Na pág.20 há tabela das colônias estabelecidas, indicando as nacionalidades dos respectivos colonizadores, e na pág. 22 aquelas de falantes do alemão.

Para ilustrar, vídeo da cidade Filadélfia, ou Fernheim, uma colonização Menonita na região do Chaco.

Uruguai


No Uruguai praticamente se reproduz a situação na Argentina, porem em escala muito menor.

Las tres colonias de alemanes en el país: Ombú, Gartental y Delta

Gartental, San Javier (colônias menonitas)

VII - Ilustração sobre tendências, um complemento.

De modo geral, nas colônias que eram isoladas e preservaram tradições, a exploração do turismo passou a ser fonte alternativa ou adicional de renda. Vimos isto nos casos de Tovar na Venezuela, e região de Pezuzo no Peru. Temos exemplos também no Brasil, como a Colônia Witmarsum. Veja os vídeos: Parte I, Parte II, Parte III.

O que ocorre nesta colônia é válido também para outros grupos eventualmente ainda fechados. Porem, esta abertura e agregação do turismo são diferentes dos casos de colonizações que desde logo foram estabelecidas ou evoluídas com diversidade étnica.

A promoção turística de Blumenau, por exemplo, embora tenha seu foco nas características alemãs, não se restringe a estes aspectos. Abrange várias peculiaridades em comum com todo o chamado Vale Europeu, em Santa Catarina.

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Alemães na América Latina (2/4)

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II - México, América Central, Antilhas

Embora muitas colônias tenham sido fundadas no México e América Central no século dezenove, todas sobreviveram poucos anos.

Os alemães obtiveram mais sucesso no comércio e grandes plantações. Iniciaram atividades na mineração. Exerceram liderança nos setores financeiros e comerciais no México, e foram absorvidos na sociedade, via casamentos.

Também em Guatemala e El Salvador se estabeleceram consideráveis populações alemãs.

Na Guatemala controlavam o comércio de café. Eram proprietários de 2,4% do território da Guatemala em 1897. Em 1924 eles dominavam 15% das grandes plantações, a maior parte de café. Dominavam os negócios de importação-exportação. Havia quase somente homens alemães, daí a rápida assimilação na sociedade local através de casamentos.

Imigrantes alemães obtiveram influencia também na Costa Rica. No clero católico e em posições políticas com deputados, ministros, presidente.

Nos demais países da América Central e Antilhas a presença alemã foi muito pequena.

Um pouco sobre alemães no México. Estes artigos livres servem como indicativos. Observe-se como variam as estimativas sobre o número de descendentes. Link 1, Link 2, Link 3


III - Norte da América do Sul

Nas comunidades alemãs na Colômbia e Venezuela também predominavam as atividades comerciais e industriais. Nestes casos a assimilação à sociedade local foi rápida com casamentos entre estes alemães e filhos de empresários tradicionais nativos.

Mas houve tsambém tentativas em colonizações agrícolas, de modo geral infrutíferas. Exceção é a de Tovar na Venezuela, ainda existente e reavivada com os negócios turísticos.

Colônia Tovar - vídeos: Parte 1, Parte 2, Avulso, Dança.

Colômbia, links com alguns dados, Colégio Alleman de Barranquilla (há 4 destes na Colômbia), e sobre empresários alemães na Colombia.

IV - Equador, Peru e Bolívia

As colonizações na região média dos Andes também no geral não vingaram.

Mas alemães prosperaram em atividades comerciais, como no setor do açúcar no norte do Peru.

Na Bolívia o aporte de alemães foi menor, atuando nas áreas da mineração e comércio. Como em outros países com imigrações dispersas, também aqui quase nove em cada dez dos alemães eram homens. Daí a rápida assimilação através de casamentos com nativas.

Chama atenção, no entanto, o caso da imigração para a região de Pozuzo, no Perú, de alemães tiroleses e prussianos. Ficaram isolados por mais de um século.

Estamos habituados a nos referir às dificuldades pelas quais passaram nossos antepassados quando chegaram a Colônia de São Leopoldo. Mas estes alemães austríacos enfrentaram adversidades muito maiores!

A viagem por mar já foi bem mais longa, contornando o sul do continente para chegar ao Peru. Depois, de Lima atravessaram os Andes. Tiveram que abrir caminhos na selva até a Amazônia Peruana.

Veja vídeo sobre esta imigração:

Neste video com muitas fotos e detalhes desde de onde sairam, até ao destino.

Outro histórico
  Parte 1, Parte 2, Parte 3.

Vídeo produzido pela municipalidade: Parte 1, Parte 2, Parte 3.

este outro, como existem vários. Ainda este com fotos.

Interessante também, sobre Pozuzo, Oxapampa e a última colônia que estes imigrantes criaram Villa Rica, região produtora de café.

(Continua, clique aqui 3/4)

Alemães na America Latina (3/4)

( Início do tema, clique aqui)

V - Chile

Em relação aos demais países o Chile se destaca por terem se consolidado colonizações agrícolas no sul, e que preservam tradições alemãs.

Já os alemães em centros urbanos se dedicaram a atividades comerciais e industriais, com maior assimilação.

Um pouco de história destas colonizações.

E, vídeos ilustrativos:

1 - Puerto Montt – Frutiliar,

2 - Puerto Varas - Osorno


3 - Villa Rica

4 – Valdivia, considerada a cidade mais bonita do Chile.

VI - Bacia do Prata

Menonitas, Alemães do Volga e Teuto-brasileiros predominaram nas colônias agrícolas no Paraguai, Uruguai e norte da Argentina. Mantiveram em grande parte suas tradições.

Já as comunidades alemãs na Província de Buenos Aires à medida que cresciam bastante, se mesclaram à população cosmopolita da cidade.

Argentina

Também na Argentina se estabeleceram alemães que atuavam no comércio internacional, bem como industrialistas. Houve ainda peculiar imigração urbana, de trabalhadores industriais. Alem destes, foram implantadas muitas colônias agrícolas, das quais algumas perduram com características e peculiaridades alemãs.

Algumas generalidades sobre imigrações alemãs na Argentina, neste site.

Tentativas antigas, na Patagônia:

História de Bariloche,

Livro sobre alemães na Patagônia Argentina, porque falharam colonizações,

Rio Pico, Friedland.

Colonizações bem sucedidas.

Entre as colonizações que se consolidaram estão as que receberem Alemães do Volga.

Aos que imigraram juntaram-se muitos dos que haviam chegado ao Brasil, pois na Argentina havia melhores condições para plantio de trigo.

Interessante este histórico sobre os Alemães do Volga, e sobre famílias destes que chegaram à Argentina. Constam sobrenomes de famílias. Há comentários elucidativos sobre tradições, inclusive o hábito incorporado do consumo de erva mate, usando a “Matte Kuie”.

Outra fonte sobre colônias alemãs na Argentina, e principais assentamentos.

Mais um descritivo da história dos Alemães do Volga, e destinos dos migrantes.

Cidade de Crespo, capital da avicultura na Argentina. Fundada por Alemães do Volga.

Alemães do Volga, em Entre Rios.

(continua, clique aqui 4/4)

Alemães na América Latina (1/4)

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Conhecia alguns aspectos sobre o tema.
Fiz buscas complementares para chegar a uma visão geral.
Apresento apenas um sumário que pode facilitar, indicando alguns tópicos num contexto mais amplo, a quem se interessar na pesquisa de algum detalhe.

I - Alemães na América Latina.

Embora em torno de 90% dos alemães que emigraram tenham se dirigido à América do Norte, os demais foram qualitativamente significativos como imigrantes em países da América Latina.

1 - Há muitos séculos vieram alemães para a América de forma avulsa, atuando como comerciantes, artesãos, religiosos.

No caso dos países latino-americanos, muitos dos imigrantes alemães vinham de forma esparsa, para atuarem em empreendimentos comerciais e industriais.

Tanto nos países tropicais da América Central quanto nos do norte da América do Sul, tentativas de colonização não prosperaram. Os imigrantes acabavam se juntando aos demais nas cidades, sendo absorvidos neste meio cultural. Exceção de uma e outra de localização muito remota.

2 - Condições muito diversificadas e complexas entre os países, não permitem generalizações. Da mesma forma foram diversificadas as origens e complexidades das imigrações de alemães.

No entanto há duas características em comum: Comércio, que assumiu maior importância a partir das economias mundiais de importação-exportação, e colônias agrícolas.

Os comerciantes atuavam na obtenção de suprimentos para nações industrializadas. Seja na mineração e com amplo sucesso em plantações e comércio de café, como em outras plantações em larga escala. Também aproveitaram as demandas crescentes de importações.

3 - As imigrações foram incentivadas a partir da independência dos vários países latino-americanos. Em diversas situações a motivação, à parte das econômicas, era assegurar a soberania sobre territórios, ocupando-os, e proteger fronteiras especialmente em regiões eventualmente disputadas.

Iniciou-se desta forma a colonização alemã no sul do Brasil em 1824. Também Chile e Argentina, temiam perder a Patagônia e por isto incentivaram as colonizações no extremo sul. Da mesma forma havia por parte da Argentina preocupações em relação à região de Misiones. No caso do Paraguai, a região do Chaco era alvo da Bolívia.

4 – Alguns aspectos que diversificam os países afetaram a integração dos imigrantes de forma variável.

Na América Latina, características européias são mais preservadas na Argentina e Uruguai, países com forte predominância de brancos, como os próprios alemães. No caso do Brasil, se considerado apenas o Sul.

Uma diferença entre a América do Norte e America Latina é que enquanto nos Estados Unidos é muito maior número de descendentes, o número de falantes do alemão é pequeno. A proporção de falantes do alemão em relação ao número de descendentes é maior no Brasil e Argentina, especialmente em colônias mais isoladas. Isto é, naquelas onde os meios de acesso e de comunicação demoraram mais a chegar.

O processo de assimilação em países anglo-saxões foi bem mais rápido. O idioma e cultura latino-americana, mestiça, é algo mais discrepante para os imigrantes alemães. Inicialmente a formação de casais nas colônias agrícolas se deu preferencialmente entre os vários grupos de procedência dos imigrantes, ao contrário das metrópoles onde as assimilações foram mais aceleradas e casamentos com nativos mais comuns.

5 – Descendentes de alemães.

Para termos idéia da proporção de imigrantes alemães vindos à América Latina, em relação às demais regiões da América, temos estes dados. Variam muito as estimativas.

Alguns dados constam em estatísticas, como nos Estados Unidos.

Sobre USA vs. Brasil veja as postagens, link 1, link2.

USA ~50 milhões
Brasil ~ 5 milhões
Canadá 3,2 milhões
Argentina ~3 milhões
Chile ~600 mil - 150 a 200 mil
México ~86 mil ~200 mil
Uruguai 46 mil
Bolívia ~40 mil
Equador 33 mil
Rep. Dominicana 25 mil

(Continua , clique aqui 2/4)

terça-feira, 7 de junho de 2011

Alemão, quase tornou-se lingua oficial americana?



(Veja foto completa com texto)



Já surgiram muitas interpretações sobre um voto de congressista americano que teria impedido de o idioma alemão ser oficial nos Estados Unidos. Teria sido a traição de um descendente de alemães.

Por apenas um voto ser o idioma oficial, é um mito. Traição, uma conjetura.
Mas houve realmente proposições e votações de interesse dos alemães e descendentes, relativas ao idioma.

Em 1794 um grupo de fala alemã, fez petição ao Congresso para serem publicadas as leis federais em alemão assim como em inglês. Uma comissão da Casa recomendou a publicação de traduções das leis para o alemão. Mas em 13 de janeiro de 1795, uma votação para deferir a recomendação foi desfavorável, de 42 a 41. Da mesma forma foram infrutíferas tentativas posteriores.

Observe-se que mesmo que aprovado, não faria do alemão uma língua oficial dos Estados Unidos. Nem o inglês o é. Não há língua oficial nos Estados Unidos, pela constituição ou por lei. No entanto, o inglês veio a ser a que é de fato.

De qualquer forma, fica evidenciado que mesmo antes da chegada das levas mais expressivas de imigrantes alemães em1840 a 1870, o alemão era o idioma de muitos residentes. Isto o atestam também os aproximadamente 5.000 jornais publicados em alemão até em torno de 1900. O primeiro deles não foi outro senão Benjamin Franklin que publicou o Philadelphische Zeitung em 1732. (Já visitei a tipografia ou gráfica).

Apesar de tudo isto, e ainda hoje o maior grupo étnico nos Estados Unidos ser o de descendentes germânicos, o uso do alemão declinou a níveis mínimos. As duas guerras mundiais, as conveniências profissionais e comerciais, e as facilidades de aprendizado duma língua similar, influíram para que a quase totalidade dos descendentes optasse pelo inglês somente.

Evidente que há os que estudam alemão, o padrão. E ainda há quem fale algum dos muitos dialetos, de acordo com as origens dos antepassados na Europa.

Aos que conhecem algum dos dialetos, é muito interessante ouvir frases ou pequenos textos gravados por estudiosos do assunto.

Há o cinturão germânico no norte do país (German belt: Wisconsin, Minnesota, North Dakota, South Dakota, Nebraska, and Iowa), mais a Pensilvânia e ainda o Texas, com muitas e diversificadas colonizações alemães.

domingo, 27 de fevereiro de 2011

Escolas etnicas

Já fiz referência ao assunto em postagem anterior.

Salientei a diferença que houve entre o processo de nacionalização nos Estados Unidos e no Brasil. Lá houve uma aceleração mediante estímulos ao aprendizado do inglês. Houve respeito aos idiomas e culturas dos imigrantes, os quais eram percebidos como valores a serem agregados, ao passo que no Brasil, deveriam ser suprimidos.

Em simples buscas na internet encontramos interessantes materiais sobre os esforços dos imigrantes em proporcionar escolas aos filhos. Havia escolas étnicas urbanas, de ordens religiosas e ainda as rurais.

Existem muitos colégios em cidades do Brasil e de outros países da América Latina e do Norte fundados por imigrantes alemães.

(clique em cima para ampliar)

Consta que no Brasil foi nas escolas rurais que os efeitos da política de nacionalização foram mais drásticos. Isto porque nestas havia maiores dificuldades em relação ao ensino somente em português, uma vez que os alunos só conheciam o alemão aprendido em casa.

Até ali, os professores utilizavam o alemão para facilitar o ensino, inclusive da língua portuguesa. Recurso este que passou a ser proibido.

Muitos destes professores, no caso de católicos, se formaram na Escola Normal Católica de Hamburgo Velho (Novo Hamburgo). Entre estes, meu pai Arno Heberle, que ali estudou de 1934 a 1937.

Esta Escola de formação de professores foi fechada pelo Governo em1939, após um “incidente” ocorrido em 25 de julho de 1939, ou seja, um discurso de um aluno, cujo teor foi considerado inadequado por autoridade visitante.

Num histórico sobre professor Kurt Walzer, consta "No dia 25 de julho de 1939, o professor Reinoldo Krauspenhar redigiu um discurso alusivo à comemoração do Dia do Imigrante Alemão, dando ao seu jovem aluno Affonso Grasel a tarefa de pronunciá-lo. Algumas expressões desta oratória não sintonizaram com a expectativa do Sr.Secretário de Educação do Estado, Dr.Coelho de Souza, uma vez que o discurso fazia habilmente uma crítica severa à campanha de nacionalização difundida pelo então governo brasileiro de Getúlio Vargas."


Veja fotos da escola, e dos visitantes daquele dia do discurso, mais ao final desta galeria de fotos de um professor.


As fotos de meu pai são em torno de quatro anos antes.


(Clique em cima para ampliar)






Mencionei este exemplo, que me é mais próximo e marcante.

Veja complemento, imagem de Atestado de Conclusão, e comentário.

sábado, 1 de janeiro de 2011

German-american

Curiosamente, o maior grupo étnico nos Estados Unidos é o formado por aqueles que tem algum ancestral alemão.


Já comentei sobre a distribuição destes por estados, em postagem anterior.


Entre os descendentes de imigrantes nos Estados Unidos, que vieram das mais diversas partes do mundo, a maioria que compõem o segmento europeu, são descendentes de imigrantes vindos da Alemanha (19,2%), Irlanda (10,8%), Inglaterra (7,7%), Itália (5,6%), Escandinávia (3,7%) e Polônia (3,2%).

Em relação à população total dos Estados Unidos , de acordo com autodeclarações em 2000, as participações dos vários grupos étnicos era esta:

(Clique para ampliar)




Estes dados pode encontrar aqui.

Outra apresentação: